Imagem: Getty Images/iStockphoto
Em uma busca rápida na internet, você provavelmente
encontrará muitos relatos de pessoas que afirmam terem avistado —e até
registrado com celular, filmadoras— extraterrestres, fantasmas e outras
aparições misteriosas. Entre os casos mais famosos e que ainda não foram
solucionados está o do "ET de Varginha", em Minas Gerais. Em 1996,
três jovens afirmaram, em detalhes, terem visto a criatura, que seria de cor
marrom e com olhos ovais e vermelhos.
Há pessoas que não só alegam terem presenciado coisas
estranhas, como também sofrido abduções, abusos, violências e, por não
encerrarem o assunto, até ameaças. Em 1997, um morador de Sorocaba, no interior
paulista, foi assassinado meses após ter registrado numa delegacia local ter
sido vítima de lesão corporal por um ser inexplicável, de dois metros e mãos de
pinças, que teria encontrado em um matagal, próximo à estrada onde seu carro
quebrou.
De acordo com Luiz Scocca, psiquiatra pelo HC-FMUSP
(Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo) e membro da APA
(Associação Americana de Psiquiatria), enquanto não se compreende o
"fenômeno" que possa ter ocorrido, ninguém deve —e tem direito de— desacreditar
a versão contada. Ele diz que, certamente, é preciso buscar por explicações
racionais num primeiro momento, mas, não havendo, que a pessoa receba todo
apoio e amor.
"O sobrenatural e a ufologia [estudo sobre discos
voadores] estão relacionados com o campo da fé, do acreditar, ou não. Não se
deve achar que é besteira, do contrário não haveria tantos pesquisadores, que
dedicam suas vidas a fim de esclarecer esses mistérios", diz Scocca,
lembrando que a ciência ainda não tem respostas para tudo, faz achados todos os
dias. Assim, daqui a centenas de anos, a compreensão humana pode ser completamente
diferente.
Também deve se ter em mente que, em se tratando de crianças,
é comum elas terem amigos imaginários, fantasiarem, acreditar em monstros,
super-heróis, personagens de contos de fadas. Agora, adultos, se estiverem
confusos, preocupados, mesmo depois de diagnosticados saudáveis, sem
transtornos, devem procurar ajuda psicoterapêutica. A família e os amigos devem
acompanhar de perto, escutar, acolher, investigar possíveis causas e desfazer
enganos.
Preconceito e abusos são intoleráveis
Quando acontecimentos, como os citados no início, atingem grande grande repercussão, a vida dos envolvidos pode sair do controle devido a assédios e chacotas constantes. E aí ronda o perigo, que pode ser maior que o de um contato imediato de terceiro grau. Na época do caso do ET de Varginha, por exemplo, uma das jovens relatou que precisou parar de ir à escola e evitar sair de casa. Outra entrou em depressão, teve problemas na gravidez e acabou se divorciando.
Por tudo isso, hoje evitam dar entrevistas. "O estigma
deve ser combatido para não 'marcar' e causar realmente transtornos [de
ansiedade, depressão, estresse pós-traumático], pois quem já se encontra em
dificuldades, sofre ainda mais com exposições, críticas, ofensas, julgamentos
alheios", alerta o psicólogo Yuri Busin, doutor em neurociência do
comportamento e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental -
Equilíbrio), em São Paulo, acrescendo que vítimas de abusos devem recorrer às
autoridades e nunca ser apontadas como culpadas.
Nem tudo é facilmente identificável
Embora os temas vida após a morte e fora da Terra sustentem
vários pontos de interrogação, existem hipóteses, algumas inclusive de ordem
psíquica e emocional, para o que alegam pessoas convictas de que cruzaram com
entidades de outros mundos. Scocca cita as ilusões de percepção (como quando se
confunde um traje longo no cabide com alguém escondido no armário), ou ainda
pequenas e momentâneas alterações cerebrais, como um AVC isquêmico não apontado
em exames de imagem, ou uma psicose leve.
Há ainda transtornos que se revelam com o tempo, à medida
que os episódios se intensificam, como a esquizofrenia, cujos sintomas podem
incluir ouvir vozes, ter visões e sentir presenças. Além disso, não se pode
descartar a possibilidade de síndromes novas e pouco conhecidas, interações
químicas medicamentosas, histeria coletiva, fenômenos óticos atmosféricos ou as
banais brincadeiras de má-fé.
"Indivíduos em estado de grande susto ou euforia também
podem se comportar de maneira completamente diferente, e o que é familiar ou do
nosso conhecimento tende a atrair e ser associado com mais facilidade ao que
vemos sem entender", aponta Leide Batista, psicóloga pela Faculdade Castro
Alves, com passagem pelo HC (Hospital da Cidade), de Salvador (BA). Pensamentos
frequentes, coincidências, sensações incomuns (arrepios, angústias, flashs e
manchas oculares) e imagens provenientes do inconsciente, relacionados a lutos,
filmes, crenças, temores também podem se somar e nos sugestionar.
A verdade é: se você não acredita, pelo menos tente entender
o acontecimento e, se necessário, acolher quem está assustado.
Fonte: UOL
Todos os direitos e créditos reservados aos respectivos proprietários.
Se você for o principal proprietário dos direitos autorais, e não aquele
mencionado aqui para este conteúdo, entre em contato conosco para reivindicar o
crédito ou a remoção do conteúdo.